sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um toque de cultura: Os chineses e a Lua

Para os chineses, a Lua é associada à gentileza e ao brilho, mostrando suas boas esperanças. No 15º dia do oitavo mês do calendário lunar chinês, a Lua está cheia e é quando é celebrado o Festival da Lua, ou o Festival do Meio Outono. A forma da Lua simboliza a reunião familiar. Por isso, o dia é um feriado para que os membros da família possam se reunir e contemplar a Lua cheia. Este ano, o Festival da Lua cai no dia 12 de setembro.


De acordo com a cultura tradicional chinesa, a Lua carrega as emoções humanas. O mito e a filosofia da antiguidade do país explicam porque os chineses gostam da Lua. Em contos antigos, a fada Chang'e vivia na Lua com o cortador de madeira, Wu Gang, e seu coelho de jade predileto.

A Menina – Chang'e


A história ocorreu aproximadamente no ano de 2170 a.c. Naquele tempo, a Terra tinha dez sois circulando por volta dela e cada um deles iluminava a Terra em ordem. Mas, um dia, os dez sois apareceram juntos, queimando a Terra com seu calor. A Terra foi salva por um deus muito hábil em arco e flecha, mas muito cruel. Seu nome era Hou Yi. Ele colocou abaixo nove desses sois e a Terra voltou ao normal. Um dia, Hou Yi roubou o elixir da vida de uma deusa para se tornar imortal. Entretanto, sua bela esposa, Chang'e, descobriu o plano do marido e tomou o elixir sem que ele soubesse, com o intuito de resgatar o povo do regime tirânico de seu companheiro. Depois de tomá-lo, Chang'e voou para a Lua. Hou Yi amava tanto sua esposa que não teve coragem de atirar seu arco contra a Lua. Assim, Chang'e se tornou a deusa lunar.

O cortador de madeira – Wu Gang


Wu Gang foi um aluno indolente que mudava de ideia o tempo todo. Um dia, ele decidiu que queria ser imortal e foi morar em uma montanha. Lá, importunou um imortal para ensiná-lo o segredo. No início, o imortal o ensinou sobre as ervas para curar as doenças, mas, depois de três dias, a inquietação característica de Wu voltou e ele pediu para aprender coisas novas. Então, o imortal começou a ensinar xadrez. Porém, de novo, Wu perdeu o entusiasmo em pouco tempo. O imortal deu ao menino livros sobre a imortalidade e, sem dúvida, Wu ficou aborrecido em poucos dias. O imortal acabou ficando zangado com a impaciência de Wu e enviou o menino para o Palácio da Lua, dizendo que ele deveria cortar uma árvore altíssima antes de poder voltar à Terra. Embora Wu Gang trabalhasse todos os dias, a árvore mágica se recuperava rapidamente e nunca caía.

A lebre – Coelho de Jade


Nesta lenda, três deuses se transformaram em idosos pobres e pediram esmola a uma raposa, a um macaco e a um coelho. A raposa e o macaco tinham comida para oferecer aos idosos, mas o coelho não tinha nada nas mãos. Então, o coelho ofereceu sua própria carne que para eles cozinhassem. Os deuses ficaram emocionados com o sacrifício da lebre e a fizeram viver no Palácio da Lua. Ali, ela se tornou o "coelho de jade".

Os costumes de sacrifício à Lua

Desde a família real à população mais simples, é um costume importante fazer sacrifícios e contemplar a Lua durante o Festival do Meio Outono.


Durante o Festival, filhos e filhas voltam para a casa de seus pais. Às vezes, as pessoas que moram no exterior regressam para visitar seus parentes.

Na noite desta data, as pessoas comem os bolinhos de lua com diferentes recheios em companhia de um copo de chá quente e, com certeza, junto da família e sob a Lua brilhante e redonda. É uma data em que as pessoas também sentem muita saudade dos amigos ou parentes íntimos com quem não podem se reunir. O verso poético "A Lua da terra natal é excepcionalmente mais brilhante" expressa bem esse sentimento. Esta também é uma noite romântica para os namorados, que se sentam na beira do rio ou em bancos de parques, encantados pela Lua mais redonda do ano.

Há um provérbio chinês que diz que os casamentos são feitos no paraíso e preparados na Lua. O homem que faz os preparativos é o "homem idoso da Lua", ou Yue Lao, na língua chinesa. Dizem que esse homem possui um livro com todos os nomes dos bebês recém-nascidos. Ele é o deus que sabe o futuro cônjuge de todas as pessoas e ninguém pode lutar contra as decisões escritas no livro. Neste sentido, o Yue Lao é uma das razões pelas quais a Lua é tão importante na mitologia chinesa e especialmente na ocasião do Festival da Lua. Todas as pessoas sobem montanhas altas ou vão à praia para ver a Lua, com a esperança de que ela realize seus sonhos.

Assim, namorados passam uma noite romântica provando as bolinhas deliciosas ao contemplar a Lua cheia. Até os casais que não conseguem estar juntos vão ver a Lua no mesmo tempo e isso parece que eles estejam lado a lado. Inúmeros poemas são devotados a esta data romântica. Oxalá o Festival da Lua traga a felicidade a todos.

A Festa da Lua retribui, ainda, a colheita das boas safras pedidas durante a Festa da Primavera. Segundo a tradição popular, as famílias devotam a noite às divindades celestiais, assim como os seus pratos exóticos, roupas novas e vários tipos de artesanatos.

A Lua na estética chinesa

De acordo com os mitos sobre a Lua, Chang'e tomou o elixir imortal e Wu Gang cortou a árvore altíssima que podia se recuperar imediatamente após cada golpe. Tudo isto implica o espírito imortal da vida. A grande influência da Lua crescente e minguante no calendário lunar e na filosofia chinesa reflete a busca do espírito imortal e da sabedoria misteriosa.

A cultura chinesa tem algo semelhante à Lua, que sempre respeita a paz, a gentileza e a atitude modesta e amistosa do povo.

Voar para a Lua


No que diz respeito à história da civilização chinesa, o país é a primeira nação a tentar materializar o sonho de voar para o céu. A partir da lenda de Chang'e até as deusas que voam para o céu dos afrescos de Dunhuang, expressam o desejo dos antecedentes chineses de explorar o espaço. Muitos poemas antigos chineses também demonstram a adoração da Lua através de versos bonitos. Por exemplo, o talentoso poeta Li Bai, da dinastia Tang (a.c.618-907), criou mais de 320 poemas sobre a Lua durante sua vida.

O projeto chinês de sondar a Lua foi batizado de "Chang'e". A primeira sonda lunar Chang'e I foi lançada no dia 24 de outubro de 2007 e a Chang'e II foi para o espaço no dia 1º de outubro de 2010. Este satélite é dedicado a capturar imagens mais claras da superfície lunar e executar pesquisas no espaço profundo.

Fonte: CRI On Line

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